Familiares criticam vazamento de informações pelo governo de Minas e bombeiros sobre encontro de segmentos corporais

A divulgação de informações durante entrevista coletiva do vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões, e do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais sobre o encontro de segmentos corporais gerou críticas dos familiares das vítimas da barragem da Vale. Eles alegam que só tomaram conhecimento do fato pelas redes sociais e pela imprensa. De acordo com os familiares, a forma que a divulgação feita ontem, 6, só aumenta a angústia e dor das famílias.
Daiana Mendes, irmã do engenheiro Tiago Tadeu, uma das três vítimas que ainda permanecem desaparecidas no local do rompimento falou sobre a divulgação antes da identificação e de um comunicado aos familiares. “Falta de sensibilidade com nós familiares. Nós temos o direito de ser sempre os primeiros a ter a informação. Infelizmente o governo de Minas usa os não encontrados como exposição. Eu e meus familiares revivemos o dia 25 de janeiro novamente. Depois de muitos anos, não achei que fôssemos ser expostos a tamanha crueldade”, relata.
A Avabrum – Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem da Mina Córrego do Feijão – também se manifestou por meio de nota e lamentou profundamente o ocorrido com a forma de divulgação. “Repudiamos veementemente aqueles que soltaram a informação antes mesmo que os familiares fossem avisados sobre a identificação. A falta de sensibilidade nas divulgações prematuras, não traz acalento aos familiares e gera mais angústia. Há seis anos sofremos com este crime continuado. Quantos pais e mães já morreram de tristeza e depressão, para além dos que seguem em tratamento de adoecimento físico e mental”, diz a nota.
A entidade afirmou ainda, que todos os protocolos foram descumpridos e que não houve respeito aos familiares.
Familiares também cobram um posicionamento das autoridades sobre o que será feito do local da tragédia, mesmo após a finalização da operação e identificação de todas as vítimas. “Nós queremos que toda aquela área seja transformada em um grande parque de preservação. Sabemos que, mesmo que estes segmentos sejam encontrados e identificados, sempre vai ter algo dos nossos entes naquela área de devastação. É uma falácia dizer que encontrou um corpo tantos anos depois. Exigimos que todo aquele espaço seja transformado em um bosque, para que as memórias das nossas joias sejam realmente preservadas”, ressalta Daiana Mendes.
O jornal Folha de Brumadinho procurou o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais. Em nota, a corporação informou que desde o início da Operação Brumadinho sempre manteve um diálogo aberto com os familiares das vítimas da tragédia que matou 272 pessoas em janeiro de 2019. Esse trabalho inclui a constante comunicação a respeito de todos os desdobramentos da Operação Brumadinho. O Corpo de Bombeiros informou ainda estar sensível à dor dos familiares, reforça o compromisso com as famílias das vítimas, ao longo de seis anos de um intenso e delicado trabalho realizado em Brumadinho.
o Governo de Minas não se pronunciou.