Galpão do Produtor – Mais de MEIO MILHÃO de reais e está abandonado há 4 anos
Galpão do produtor está abandonado há 4 anos. Construído para abrigar o maior centro de comercialização e processamento de alimentos da agricultura familiar, espaço nunca foi usado.
Inaugurado em 2016, pelo então prefeito Brandão, o Galpão do Produtor era esperado há pelo menos 15 anos pelos produtores e tinha como objetivo, abrigar as instalações da agricultura familiar, desenvolver a comercialização de produtos da região e proporcionar o aumento da geração de renda dos trabalhadores rurais.
Localizado no Distrito de Aranha, região central do município, o espaço seria usado como entreposto comercial, facilitando o escoamento da produção e a compra e venda de insumos agropecuários, além de servir até mesmo como uma pequena unidade industrial, capaz de processar grãos, fabricar rações, entre outros produtos.
Mas, o que se vê hoje no espaço, 4 anos depois de construído, é um total abandono e descaso com o dinheiro público. A estrutura nunca foi usada e está completamente suja. Ao todo, foram investidos R$ 578.430,79, ou seja, mais de meio milhão de reais, dinheiro que saiu dos cofres públicos. Além do centro comercial, o Galpão iria abrigar também vários departamentos públicos, na área do agronegócio, por estar localizado numa região estratégica, uma forma de descentralizar a administração do município, já que Brumadinho é muito extenso.
Em conversa com alguns produtores rurais, todos são unanimes em dizer sobre a importância do galpão para a agricultura familiar. Eles comentaram também sobre a necessidade de criação de uma cooperativa, uma forma de gerir o espaço e criar todas as condições tanto para a venda de produtos quanto a compra de insumos para a agricultura. Assim todos saem ganhando. Além de agregar valor ao alimento, o produtor sabe que seu produto será vendido de forma justa e ele terá a garantia da renda. Outro fator importante apontado pelos produtores, é que, com a cooperativa, é muito mais fácil comprar os insumos em atacado, com preços mais baixos, principalmente o pequeno produtor, que compra em pequena quantidade. Isso pode diminuir e muito os custos da produção. Por isso a importância que este centro funcione da forma que planejamos, disseram os produtores.
Procurada pela reportagem do Jornal Folha de Brumadinho, a prefeitura disse por meio de nota, que no ano passado começou a discutiu com a Vale, uma forma de gerir o espaço junto com os agricultores e que as negociações foram interrompidas este ano, em virtude da pandemia. A prefeitura só não explicou, o que ficou fazendo nos anos anteriores, 2017 e 2018, ou seja, dois anos sem nenhuma atitude, para que pudesse colocar o espaço em uso.
O agronegócio é um dos setores mais importantes da economia do município. Mas, o setor é o que menos recebe investimentos públicos. O orçamento destinado este ano, para a Secretaria Municipal de Agricultura, foi de apenas R$ 2.951.500,00 (dois milhões, novecentos e cinquenta e um mil e quinhentos reais), um dos mais baixos entre as secretarias. Se fizermos uma comparação com a secretaria de obras, por exemplo, o orçamento da agricultura é cerca de 40 vezes menor.
Desde o rompimento da Barragem da Vale, em Córrego do Feijão, em janeiro de 2019, grande parte dos produtores rurais do município tiveram que abandonar as suas atividades. O setor foi um dos mais atingidos pela tragédia-crime da Vale, principalmente os produtores de hortifrutigranjeiros, já que a maior parte da produção se concentrava nas comunidades de Alberto Flores, Parque da Cachoeira e Córrego do Feijão, regiões atingidas pela lama. O medo de contaminação dos produtos, levou muita gente a parar de comprar os alimentos da região.