Por Dr. Eduardo Brunetti Cunha
Todos já ouviram essa antiga expressão “Prevenir é melhor do que remediar”, não é mesmo?! E atualmente ela parece fazer mais sentido ainda…
Você sabia que a cada R$ 100,00 reais gastos em prevenção, são gastos mais de R$ 500,00 no tratamento? E que os nossos gastos ($) com saúde no Brasil aumentaram quase 30% de 2015 a 2019? Isso SEM contar a pandemia! Tudo isso porque o nosso modelo de saúde é focado no processo de cura das doenças (isso movimenta bilhões), e pouco voltado a sua prevenção ou aos cuidados a longo prazo.
“Prevenir é melhor do que remediar!”.
Todo mundo sabe disso, mas poucos praticam e pagam um
“preço alto” exatamente por isso!
Esse tipo de modelo de saúde (curativa) é inversamente proporcional (o oposto) com o futuro da ciência, da saúde e da qualidade de vida que as pessoas atualmente tanto buscam. Vivemos em tempos modernos e mais conectados com as inovações tecnológicas, na área da saúde não é diferente, e precisamos usar isso ao nosso favor, pois queremos viver mais e melhor!
Nesse sentido, o diagnóstico precoce é fundamental para a cura e para um melhor tratamento para grande parte das doenças, como câncer de mama e próstata, a diabetes, obesidade e até alterações neurológicas como TEA (transtorno do espectro autista) e TDAH (transtorno do déficit de atenção com hiperatividade). E como comentado na edição passada (“Você sabe a importância do teste do pezinho”) os erros inatos de metabolismo.
Você sabia que um diagnóstico precoce do câncer de mama, aumenta para 95% a chance de cura?
Com os avanços tecnológicos dos últimos anos e com o auxílio da inteligência artificial (IA), principalmente na área da engenharia genética, surgiu a medicina preditiva. Onde é possível identificar através de exames e teste genéticos, a predisposição de muitas dessas doenças, para não falar de quase todas!! E essas informações possibilitam aos profissionais da saúde (médicos, nutricionistas, biomédicos, geneticistas) efetuar um acompanhamento mais frequente, com terapêuticas e tratamentos mais assertivas e individualizados, promovendo mais qualidade de vida as pessoas.
Esses testes genéticos podem também ajudar pessoas que querem emagrecer, pois investigam as melhores vias metabólicas e assim auxiliam a ajustar uma dieta mais personalizada. Além disso, através da farmacogenética, os testes genéticos podem indicar quais os melhores medicamentos e/ou quais os que tendem a ter mais ou menos efeitos colaterais, e com isso agregar muito ao tratamento de doenças como ansiedade, depressão, câncer, TDAH, síndrome do pânico, esquizofrenia e até insônia.
A medicina preditiva juntamente com a genética é considerada por muitos como o futuro (que já é presente) da saúde!
Em outubro de 2020 o Ministério da Saúde lançou o programa “Genomas Brasil” ou Programa Nacional de Genômica e Saúde de Precisão, cujo principal objetivo é a criação de um banco de dados nacional com 100 mil genomas completos de brasileiros. Isso é extremamente importante, pois traz mais informações da genética da população brasileira e com isso uma melhor compreensão das doenças que atingem a nossa população.
Contudo existem alguns desafios…
Começando que grande parte dos universitários brasileiros não tem a oportunidade de aprender noções básicas de biologia molecular e genética para o entendimento da medicina preditiva. Pois poucos cursos de graduação possuem em suas grades curriculares essas disciplinas, o que prejudica a aplicabilidade da medicina preditiva e a interpretação dos testes genéticos. Por tanto, no Brasil existem poucos profissionais capacitados para analisar e interpretar os testes genéticos, sendo que a correta interpretação é fundamental para uma efetiva e assertiva aplicação desses exames.
Espero ver vocês aqui em breve!
Vamos que vamos com fé e coragem.´.
Abraços
SUGESTÕES PARA LEITURA:
- Livro “Contas de Saúde na Perspectiva da Contabilidade Internacional: Conta SHA para o Brasil, 2015-2019” – IPEA
- BMB Brandão et al, 2021. INFLUÊNCIA DA FARMACOGENÉTICA NO TRATAMENTO DO CÂNCER DE MAMA NO ÂMBITO DA MEDICINA DE PRECISÃO: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA