Fazenda Boa Esperança retoma programação cultural e educativa em setembro

Visitantes poderão assistir e até interagir com guardas e congadeiros, oficinas de jiu-jitsu, de tambores e canto, além de participar de caminhada ecológica

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A Fazenda Boa Esperança – um dos principais atrativos turísticos de Belo Vale ¬– está reaberta à visitação desde o dia 24 de junho. A área externa já pode ser visitada às quintas e sextas-feiras, das 9h às 12h, e aos sábados e domingos, das 9h às 16h. Até dezembro, uma programação está sendo construída para trazer mais turistas para o equipamento cultural.

No próximo dia 9, a Fazenda Boa Esperança promove mais uma edição dos Tambores do Quilombo, reunindo as comunidades dos Arturos de Contagem e de Boa Morte de Belo Vale, em uma oficina de tambores e canto. Uma semana antes, os capitães do Congado da Guarda de Moçambique Nossa Senhora do Rosário de Belo Vale e da Vargem de Santana participaram do evento “Aprendendo a Dançar e Tocar com os Congadeiros”.

No dia 16, cerca de 70 alunos da Escola de Jiu-Jitsu, coordenados pelo professor Matheus Marques, que participam de projetos sociais Pilares da Cidadania – Formações Pró-Futuro, se apresentarão no pátio da Fazenda. No dia 17, na parte da manhã, encontro de congadeiros e da Guarda Moçambique de Nossa Senhora do Rosário presta louvor à Santa Efigênia.

Projeto educativo

Os projetos educativos também retornam com força, agora batizados de “Fazenda Boa Esperança: Redescobrindo os Sentidos”. O Receptivo e Educativo da APPA – Arte e Cultura, gestora e promotora do espaço, preparou visitas educativas com alunos das escolas Magnum (28), Municipal Monsenhor Arthur de Oliveira (29) e Caio Líbano Soares, de BH.

Um encontro educativo ocorrerá no dia 13, com docentes e pedagogos da Secretaria Municipal de Educação (Semed) de Congonhas, inclusive com a presença do secretário de Educação. Já no dia 23, alunos do Centro de Estudos Supletivos Professor Juvenal de Freitas Ribeiro, também de Congonhas, participarão de uma visita educativa guiada.

Ressalte-se que Congonhas, a 33 km de Belo Vale, é um município que valoriza muito as atividades de educação para o patrimônio cultural. A cidade tem um Patrimônio da Humanidade reconhecido pela Unesco, o Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, e seu sítio histórico, tendo avançado muito no que tange às ações de valorização e conscientização.

Comunidade e patrimônio

“Estamos construindo uma programação cultural quebrando preconceitos e estereótipos e fazendo com que as pessoas da comunidade se sintam parte desse patrimônio”, ressalta Grasiele Ribeiro, coordenadora do Educativo. Foi assim que ela reuniu no final de julho 25 mulheres de Belo Vale, Belo Horizonte e Conselheiro Lafaiete, aos pés das sapucaias para a troca de saberes e experiências entre mulheres negras e suas diferentes vivências e histórias, na busca de acolher sentimentos, dores e marcas de forma coletiva.

Além de proporcionar um momento único de autocuidado e ressignificação histórica do papel de cuidadoras, Grasiele destaca que esses encontros, ministrados por Cláudia Regina dos Santos, sempre se voltaram ao cuidado do outro e foram privados do autocuidado e do cuidado aos seus. “Um encontro para vislumbrar boa esperança por dias melhores, por sonhos, possibilidades, caminhos e cura das dores que as atravessam”.

Da mesma forma, enfatiza Grasiele, as visitas educativas tentam trazer os alunos da região para se apoderarem do espaço da Fazenda como patrimônio e promovam a história, principalmente porque o bem cultural é remanescente da história escravocrata de Minas. “Queremos que ela seja lembrada para que não se repita, que não aconteça mais”, pontua.

Caminhada ecológica

Uma das ações inéditas é uma Caminhada Ecológica no dia 21, Dia da Árvore, às 10h. O evento terá a participação dos alunos do 1º ano do Ensino Médio Tempo Integral da rede estadual de ensino de Belo Vale, com o apoio da Prefeitura de Belo Vale, mas a atividade está aberta a todos, principalmente às comunidades locais. Os participantes partem do Quilombo da Boa Morte à Fazenda Boa Esperança, numa trilha de cerca de 5 km.

Segundo Romeu Matias, produtor executivo da Fazenda, a caminhada reconstitui o trajeto feito no passado pelos coronéis da região e moradores da localidade de Boa Esperança. “Eles iam para as celebrações religiosas na capela de Nossa Senhora da Boa Morte. O final do percurso são as belíssimas e frondosas sapucaias centenárias do pátio da fazenda”, destaca.

Acordo

A Fazenda Boa Esperança foi aberta em julho por meio de acordo de cooperação entre o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico de Minas Gerais (Iepha-MG) e a APPA – Arte e Cultura, informa Cláudio Arroyo, coordenador de Projetos da Fazenda. Caberá a APPA como uma Organização Social (OS) coordenar tanto o educativo quanto a revitalização do espaço.

Segundo Cláudio Arroyo, coordenador de projetos recém-chegado à Fazenda, os projetos visam atrair a comunidade da região de Belo vale e fazer com que eles se apropriem dos espaços, ressignificando-os e criando um sentimento de pertencimento. “É trazê-los de volta e mostrar a importância desse patrimônio histórico para a comunidade”, disse.

Entre os projetos de revitalização estão obras na Casa de Engenho, mais conhecida como Paiol, e dos elementos artísticos da capela. Ela se abre para a varanda e possui um altar com trabalhos de talha e rico retábulo com nicho central. Sobre o altar destaca-se o sacrário. Toda a composição, rica em talha e douramento, tem ornamentação complementada por quadros, correspondentes ao final do rococó mineiro, atribuída a Manuel da Costa Ataíde.

A Fazenda Boa Esperança está aberta à visitação, por meio do Projeto de Cooperação “Fazenda Boa Esperança: Redescobrindo os Sentidos”. O projeto é uma realização do Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais, Secretaria de Estado de Cultura e Turismo, por meio do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico de Minas Gerais (Iepha-MG). A correalização é da APPA – Arte e Cultura. Viabilizado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura. O patrocínio é da Copasa e do Instituto Cultural Vale. O apoio é da Prefeitura Municipal de Belo Vale.

Serviço
Programação/setembro:
Dia 9/9, das 9 às 11h30: edição Tambores do Quilombo – encontros dos quilombos Arturos de Contagem e da Boa Morte de Belo Vale, oficinas de tambores e canto e vivências
Dia 13/9, das 8h às 11h: encontro com Educadores da Rede Municial de Ensino da Secretaria Municipal de Educação (Semed) de Congonhas
Dia 16/9, das 9h às 11h30: apresentações e atividades de alunos da Escola de Jiu-Jítsu, com o professor Matheus Marques, do projeto social Pilares da Cidadania – Formações Pró-Futuro
Dia 17/9, das 9h às 11h30: encontro de Congadeiros e Guarda Moçambique de Nossa Senhora do Rosário, com louvor à Santa Efigênia
Dia 21/9, das 8h às 11h: Caminhada Ecológica Alunos Ensino Médio de Tempo Integral do Quilombo de Boa Morte à Fazenda Boa Esperança
Dia 23/9, das 11h às 12h30: encontro do Centro de Estudos Supletivos “Professor Juvenal de Freitas Ribeiro”, de Congonhas (MG), sob coordenação da professora: Nayara Faria Ferreira
Dia 28/9, das 10h às 12h30: visita educativa com os alunos do Colégio Magnum, de Belo Horizonte
Dia 29/9, 9h30 às 11h: visita educativa com os alunos da Escola Municipal Monselhor Artur de Oliveira, de Belo Horizonte
Dia 30/9, das 10h às 11h30: visita educativa com os alunos da Escola Municipal Caio Líbano Soares, de Belo Horizonte

Local: Pátio frontal na área externa da Fazenda Boa Esperança

Foto: Paulo Vieira/Divulgação

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