Caos, buracos, acidentes e danos ao patrimônio: a nova rotina de Brumadinho

Aumento do trânsito de caminhões pesados causa prejuízos enormes ao município

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Aquele trânsito paco, de um município pequeno, já não existe mais. Desde o rompimento da barragem da Vale, ocorrido em janeiro de 2019, o município de Brumadinho viu o movimento se intensificar nas estradas e ruas do município, principalmente com a circulação diária de caminhões pesados e de grande porte. Outro fator importante e que tem contribuído para esse aumento do fluxo, é o superaquecimento do valor da tonelada do minério de ferro no mercado internacional. Em junho deste ano, o preço do minério chegou a ser negociado a US$ 237 a tonelada, mais que o dobro do valor em comparação com o mesmo período do ano passado.

A combinação desses dois fatores provoca o aumento da circulação de mais caminhões. E o resultado não poderia ser outro. Caos, buracos, acidentes e prejuízos ao patrimônio do município. Moradores de diversas comunidades denunciam a falta de fiscalização adequada dos órgãos competentes, o que facilita a movimentação irregular de caminhões, inclusive carregados de minério por todas as regiões. Eles alegam que a situação piorou nos últimos meses. 

Além dos danos causados aos cofres públicos, devido a manutenção periódica das estradas, os buracos colocam em risco também a vida de quem circula todos os dias pelas estradas municipais. Além disso, curvas sinuosas, vias estreitas e sem sinalização adequada têm resultado no aumento considerável de acidentes graves no munícipio, como o ocorrido essa semana, quando um carreta atravessou a pista na Serra da Moeda/Topo do mundo, local onde é proibido o trânsito deste tipo de veículo.

Em um levantamento feito pelo jornal Folha de Brumadinho, somente nos primeiros 6 meses do ano, a Prefeitura já realizou pelo menos 4 operações tapa-buracos na principal estrada que liga a Sede ao distrito de Piedade do Paraopeba e a região de Palhano. Os valores gastos com os serviços não foram divulgados.

Outra reclamação dos moradores das comunidades é que, com o trânsito intenso de caminhões, os problemas também aparecem nas estruturas das casas que ficam na beira das estradas e ruas dos bairros. Em Piedade do Paraopeba, por exemplo, o problema coloca em risco um patrimônio de mais de 300 anos. Casas centenárias aparecem frequentemente com trincas e rachaduras. No início deste ano, moradores fizeram diversas cobranças sobre a fiscalização na região. Algumas blitz até foram realizadas no distrito, mas moradores disseram que quase nada resolveu. “A fiscalização foi pontual. No outro dia, quando eles percebem que não há nenhuma operação, seja da Setransb ou Polícia Militar, os caminhoneiros voltam a passar dentro de Piedade. Outro fator era a precariedade da sinalização. Sempre os motoristas destas carretas alegam que não sabiam ou não viram nenhuma placa de proibição”, ressalta uma moradora que não quis se identificar.

Depois de muitas cobranças, a Prefeitura iniciou na semana passada, a colocação de placas de sinalização em diversos pontos estratégicos do município, com a proibição de circulação de caminhões dentro de Piedade do Paraopeba. Com esse impedimento, os motoristas que passam pela região agora tem que ir até Córrego Ferreira, depois voltar para Piedade e subir a serra. Mas, muitos moradores dizem que a Prefeitura só transferiu o problema de lugar, colocando as carretas em estradas mais estreitas.

O jornal Folha de Brumadinho procurou a Prefeitura para falar sobre os transtornos do aumento de fluxo nas vias do município e sobre a fiscalização. Em nota, o órgão informou que o problema dos buracos nas estradas é recorrente, devido ao excesso de trânsito de veículos de carga e caminhões transportando minério, mesmo em áreas proibidas. A Prefeitura disse ainda, que Infelizmente, o Setransb não tem o poder de multar esses caminhões, mas está buscando meios de inibir a circulação dos veículos, e já solicitou apoio da polícia militar. Por fim, disse que já foram executadas várias blitz educativas, notificando e registrando os caminhões que transitam ilegalmente nas estradas. Procuramos também a Polícia Militar para falar sobre a fiscalização, mas até o fechamento desta reportagem, ninguém da corporação havia se pronunciado.

O que diz a Vale sobre o aumento de fluxo no processo de reparação

A empresa disse que as comunidades atingidas em Brumadinho estão recebendo uma série de ações com objetivo de aprimorar a infraestrutura viária local, contribuindo, assim, para melhorar a qualidade de vida e o bem-estar dos moradores, parte fundamental do compromisso da Vale com a reparação integral das pessoas atingidas. Entre essas ações, asfaltou 6 quilômetros da estrada que liga Córrego do Feijão à Alberto Flores, além de obras de drenagem e sinalização nova. E QUE DESDE 2019, 580 QUILÔMETROS DE VIAS LOCAIS NÃO pavimentadas RECEBEM manutenção e melhorias, como sinalização, tapa buracos e drenagens. Para os veículos usados nas obras, especialmente para o manejo dos rejeitos, a Vale implantou, ainda em 2019, um acesso rodoviário onde funcionava o antigo ramal ferroviário da Mina Córrego do Feijão. A estrada viabilizou a redução significativa do tráfego de veículos pesados nas vias locais, melhorando também a segurança para as comunidades. Outros 49 quilômetros de vias de Brumadinho recebem umectação diária por caminhões-pipa, de segunda a domingo, em regime de 12h/dia. Os motoristas passam por campanhas educativas e os veículos por rigorosos procedimentos de segurança, que incluem inspeções periódicas para garantir as condições de trafegabilidade. A Vale reitera, ainda, que não realiza transporte de minério pelas estradas e ruas de Brumadinho, diz a nota.

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