Memorial Brumadinho é aberto e mantém viva memória das vítimas da barragem da Vale

Espaço passa integrar uma das principais obras mundiais “in situ”, ou seja, construído no local da tragédia, com exposições, acervo, pesquisa e ações educativas

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O rompimento da barragem da Vale, na mina Córrego do Feijão completou nesse sábado, 25, seis anos. A tragédia matou 272 pessoas e provocou um rastro de destruição ambiental atingindo a bacia do Rio Paraopeba. Depois de 6 anos, familiares das vítimas ainda clamam por justiça, já que nenhum dos culpados pelo colapso da barragem foi julgado e preso.  

Para rememorar e honrar as centenas de mortos, familiares das vítimas participaram nesse sábado, da abertura oficial do Memorial Brumadinho. Além da Avabrum – Associação dos Familiares das vítimas do rompimento da barragem da Vale, a cerimônia contou com a participação autoridades, entre elas, o governo Romeu Zema, o prefeito de Brumadinho Gabriel Parreiras, o deputado Federal Pedro Aihara, representantes do Ministério Público de Minas Gerais e da imprensa.

O espaço é dedicado a preservar a memória e homenagear as 272 vidas perdidas, por meio de exposições, acervo, pesquisa e ações educativas, mobilizando dinâmicas de reflexão sobre a maior tragédia humanitária do país para que desastres como este não se repitam.

O projeto do Memorial Brumadinho — escolhido pelos familiares por votação — foi idealizado pelo escritório Gustavo Penna Arquitetos Associados e visa proporcionar uma experiência imersiva aos visitantes. O espaço reúne um bosque com 272 ipês amarelos, plantados em homenagem a cada uma das vítimas, uma escultura-monumento, um espaço meditativo, uma drusa de cristais, duas salas de exposição, além de um espaço dedicado à guarda digna e honrosa dos segmentos corpóreos das vítimas.

Para Fabíola Moulin, presidente da Fundação Memorial de Brumadinho — instituição de direito privado sem fins lucrativos, criada em 2023 para manter e gerir o Memorial —, ele não é apenas um espaço de lembrança. “O Memorial Brumadinho é um espaço de rememoração e de reflexão, pautado no compromisso ético de reparação simbólica a partir das memórias daqueles que foram vitimados pelo rompimento da barragem. Sua existência reflete a importância de não esquecer esse acontecimento e de compreendê-lo como uma prática de violência contra a humanidade e o meio ambiente”, afirma Fabíola.

O arquiteto Gustavo Penna, autor do projeto, também falou sobre os desafios de projetar o espaço. “Este Memorial é um espaço onde a arquitetura encontra a memória, um território de reflexão coletiva. Ele simboliza a força e a fragilidade da vida, acolhe a dor e a transforma em um ato de resistência contra o esquecimento. É um lugar para lembrar de histórias que não podem ser apagadas, para refletir e seguir adiante com a certeza de que essas vozes não foram silenciadas, pois permanecem ecoando em nós”, explica.

Como o Memorial foi criado?

Em maio de 2019, familiares das vítimas protocolaram no Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) a solicitação da construção de um “Parque Memorial em homenagem às vítimas da tragédia na cidade de Brumadinho”, com a assinatura de cerca de 100 pessoas. Dessa mobilização nasceu também a Associação de Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão (AVABRUM), que passou a representar formalmente os interesses do grupo, bem como a pleitear a participação ativa no processo de construção do Memorial.

Em 25 de janeiro de 2020 (um ano após a tragédia), os familiares celebraram a conquista desta reivindicação coletiva, com a pedra fundamental do Memorial.

Em agosto de 2023, é firmado o Termo de Compromisso entre a Vale e a AVABRUM, com anuência do MPMG, que fundamenta a criação da Fundação Memorial de Brumadinho, instituição responsável por manter e gerir o Memorial.

“Esse espaço é nosso, é do povo, para que a gente não possa ser calado, para que a gente possa ter direito a voz, uma vez que eles não tiveram direito à vida. Somos os vigilantes da história. Aqui a gente vai dignificar todas as mortes, a gente vai contar realmente o que aconteceu”, reforça Kenya Lamounier, que perdeu o marido na tragédia e iniciou a mobilização para a construção de um espaço de memória, além de ser membro do conselho-curador do Memorial e da diretoria da AVABRUM.

  • Visitação com entrada gratuita

O Memorial possui uma limitação máxima de 711 pessoas.

É necessária a retirada prévia de ingressos na bilheteria, localizada na recepção do Memorial e aberta durante seu horário de funcionamento. 

Endereço: Rua Hum, nº 100, Bairro Córrego do Feijão – Brumadinho

SEGUNDA – Fechado

TERÇA – Fechado

QUARTA – 9h30 – 16h30

QUINTA – 9h30 – 16h30

SEXTA – 9h30 – 16h30

SÁBADO – 9h30 – 17h30 

DOMINGO – 9h30 – 17h30 

FERIADO – 9h30 – 17h30 

*Qua, qui, sex: entrada até às 16h

*Sáb, dom, feriados: entrada até às 17h

Agendamento de grupos e escolas com visita guiada:

Pelo telefone (31) 3987-0990 ou pelo e-mail educativo@memorialbrumadinho.org.br

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