Copasa mantém descaso e Prefeitura não comparece à audiência

Há pelo menos 14 anos, moradores de Brumadinho travam uma batalha por água, em meio a ingerência e descumprimento de leis

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Indignação. Esse é o sentimento de dezenas de famílias de Casa Branca e também de moradores de diversas regiões de Brumadinho sobre a situação do desabastecimento e escassez de água. Há pelo menos 14 anos, os brumadinhenses travam uma batalha por água, em meio a ingerência e descumprimento de leis por parte da Copasa, Governo de Minas e a própria Prefeitura de Brumadinho que não faz valer as cláusulas do contrato firmado em 2008, válido por 30 anos.  

Na noite de ontem, 4, em mais uma audiência pública, realizada em Casa Branca, moradores ficaram sem respostas e somente com promessas vazias, por parte da Copasa. A Prefeitura mais uma vez ignorou o assunto e não enviou nenhum representante para o debate. Da Câmara Municipal, somente dois, dos 13 vereadores apareceram, o vereador Gabriel Parreiras do PTB, requerente da audiência e a vereadora Alessandra do Brumado, do Cidadania.

A Copasa enviou dois representantes, Joaquim Paulo Coutinho Braga, Gerente Regional Metropolitano Sul e Alexandre Virgílio da Costa, Gerente da Unidade de Serviço de Produção da Bacia do Rio Paraopeba. Durante os questionamentos feitos pela população, o Gerente Regional, Joaquim Braga chegou a culpar a própria população, com redes clandestinas, o que segundo ele provoca o desabastecimento na região. O Copasa não apresentou nenhum projeto sobre as obras que estão sendo executadas, como fará a captação de água para ampliar o fornecimento e também qual será o destino do esgoto. Moradores temem que a Companhia jogue parte dos resíduos nos riachos da região.

O vereador Gabriel Parreiras, que pediu a audiência pública, falou sobre a situação. “A sensação que fica é que precisamos de medidas mais enérgicas em relação a Copasa. Mais uma vez saímos de uma audiência sem respostas concretas para solucionar os problemas da população de Brumadinho, em especial de Casa Branca. Cada dia que passa, a única opção que fica é rescindir esse contrato. Tiramos alguns encaminhamentos desta reunião e enviaremos aos órgãos competentes e também farei mais uma representação no Ministério Público. Mas, infelizmente, eu como vereador fico muito limitado dentro das minhas funções de parlamentar”, ressalta Gabriel.

Associações comunitárias de Casa Branca publicaram uma nota de repúdio em conjunto após a audiência de ontem. No texto, os moradores reafirmam a indignação de todos sobre o descaso da Copasa, com a falta de informações claras de projetos e obras que começaram a ser executadas na região, além das promessas vazias. A nota diz também que a população está consternada com a ausência e a falta de interesse da prefeitura de Brumadinho em buscar esforços para resolver de vez a situação.

Confira a nota na íntegra:

A longa luta dos moradores

No final do mês de setembro, o jornal Folha de Brumadinho já havia publicado matéria sobre a revolta do moradores de Casa Branca. Residências nos bairros da região, como por exemplo, Parque das Águas, chegam a ficar até 15 dias sem água. O drama se repete também em outras localidades do município. Há pelo menos um ano, o jornal Folha de Brumadinho vem denunciando os problemas com o fornecimento de água, o que virou um jogo de empurra entre prefeitura e Copasa.

O abastecimento de água é um problema antigo no município e já virou tema de audiências públicas, matérias jornalísticas nos principais veículos de imprensa, além de denúncias no Ministério Público. Enquanto isso, a Vale realiza uma obra para a Copasa, orçada em mais de 400 milhões de reais, para garantir água à região metropolitana de Belo Horizonte. O acordo para a realização desta obra envolve Vale, governo de Minas e instituições de Justiça.

A gigantesca obra está sendo feita para substituir a antiga captação de água do Rio Paraopeba, que foi totalmente danificada pelo rompimento da barragem em 2019. A nova captação está sendo feita na região da Ponte das Almorreimas.

Pelo contrato estabelecido entre a Prefeitura e a Copasa, em 2008, a empresa já deveria estar realizando o abastecimento total e o tratamento do esgoto em várias localidades do município. Mas, nesses mais de 14 anos de contrato, pouco ou quase nada foi feito no município pela companhia. A empresa deveria estar abastecendo todos os distritos e outras localidades de Brumadinho, entre elas: Aranha, Melo Franco, Conceição de Itaguá, Palhano, Piedade do Paraopeba, Coronel Eurico, São José do Paraopeba, Marinhos, Casa Branca, Córrego do Feijão e Tejuco.

O jornal Folha de Brumadinho procurou a Prefeitura para falar sobre o desabastecimento em Casa Branca e o contrato com a Copasa. Em nota, o órgão disse que a Copasa tem de se responsabilizar pelo contrato e que reuniu há duas semanas com a Companhia, cobrando providências na região de Casa Branca e acompanha as obras na região.

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