Sem controle e sem fiscalização. Desde o rompimento da barragem da Vale, ocorrido em janeiro de 2019, que matou 272 pessoas e deixou um rastro de destruição no município, Brumadinho ainda sente diariamente os reflexos da tragédia. O processo de reparação e a injeção de milhões de reais na economia do município, alavancou um crescimento de diversos setores, principalmente o da construção civil. São várias obras de infraestrutura pública, como medida de reparação, quanto na iniciativa privada.
E com isso, o fluxo de veículos de grande porte nas estradas do município aumentou muito. O reflexo não poderia ser outro. Buracos, afundamento de pista e rachaduras no asfalto viraram rotina para quem transita todos os dias pelas vias.
Segundo os motoristas, a situação piorou nos últimos meses com o período chuvoso. São quilômetros de vias com estrutura asfáltica de péssima qualidade. Além disso, a maior parte das estradas possui trechos com curvas sinuosas, pistas estreitas, sem um sistema de drenagem adequado em diversas comunidades do município.
Moradores dessas localidades culpam a destruição das vias pelo aumento da circulação de caminhões pesados e com excesso de cargas bem acima do permitido. A operação tapa-buracos até acontece em alguns momentos, mas cidadãos reclamam que o serviço é mal feito, e que muitas vezes o remendo vira lombadas na pista, criando um outro problema.
O líder comunitário da região de Melo Franco, Weverton Juliano, fala da situação vivida pelos moradores e motoristas. ” Está cada vez mais difícil e perigoso dirigir ou andar pelas nossas estradas. Já enviamos ofícios para representantes da Vale, assessoria técnica e para os órgãos competentes. Precisamos de uma fiscalização rigorosa sobre essa situação. Nossas estradas estão sendo destruídas, além do risco que corremos todos os dias ao transitarmos entre estes caminhões, nestas estradas estreitas e cheias de buracos”, afirma.
Procurada, a Vale disse que ainda em 2019 foi implementado um acesso rodoviário alternativo na região entre o Córrego do Feijão e a estrada Alberto Flores, o que viabilizou uma redução significativa do tráfego de veículos pesados nas vias locais, melhorando também a segurança para as comunidades. E que motoristas de veículos pesados também são orientados a transitar em horários alternativos e evitar períodos de fluxo intenso, além de receberem rotograma com rotas alternativas.
A empresa disse ainda, que os motoristas passam por campanhas educativas e os veículos por rigorosos procedimentos de segurança, que incluem inspeções periódicas para garantir as condições de trafegabilidade.
O jornal Folha de Brumadinho também questionou a Prefeitura de Brumadinho sobre a fiscalização, mas até o fechamento desta reportagem, não obteve retorno.